Havia alguém,
Me observando do meu próprio jardim
Enquanto eu falava comigo mesmo nos últimos dias.
Como você chegou aqui?
Eu não me importo...
Estava apenas se divertindo?
De qualquer forma...
Se eu tivesse uma chance,
Diria várias coisas para você.
Eu vi sua sombra,
Correndo entre as minhas árvores.
Doce sombra,
O que você procurava?
Se eu tivesse uma chance,
Eu faria você ver.
Que agora, com a tua ausência, tudo está igual... Quase igual.
Eu ainda estou sozinho, triste.
Esperando por alguém que sequer sei se vai chegar.
Se eu tivesse uma chance,
Eu lhe faria entender
Que se eu sou um vampiro triste,
Você... Ah, você é uma adorável bruxa.
Uma doce e adorável bruxa.
Então lhe pediria que ficasse um pouco mais,
E mostrasse enfim o teu rosto.
Porque veja,
O sol assassino já se põe,
O céu amigo aos poucos fica escuro.
É a noite chegando.
E agora... Eu sou o mágico!
Posso sentir teu cheiro de muito, muito longe,
Posso chamar você na voz do vento. Tocando teu pescoço, tua boca.
E você saberia que estes seriam os meus sinais.
Eu faria chover, se isso lhe fizesse sentir melhor.
Viraria o mundo de cabeça para baixo,
Só para você cair em meus braços.
Eu seria o chão, o vento.
Você me tocaria, eu beijaria você.
Sem que você me visse, e ainda assim sentindo minha presença.
Daria mil voltas em torno do teu corpo, até fazê-la voar,
Encontraria tua alma dentro de teus olhos,
E finalmente estaria frente a frente com você,
E você jamais se esconderia de mim novamente,
Teria então que mostrar quem é.
Se eu tivesse uma chance,
E lhe diria para não ter medo.
Você sempre foi o único perigo por aqui.
Você me conhece, já entrou nos meus sonhos.
Viu meu rosto através de todas as minhas máscaras.
E quanto a mim?
Tudo que conheço é tua louca e suave sombra.
Esta que voa sozinha mesmo quando, por medo, você não quer.
Esta que não se esconde,
Que ama com a mesma intensidade que deseja ser amada.
E ainda assim,
Eu sei que viveria toda a minha eternidade ao teu lado,
Mesmo que isso fosse apenas por mais um segundo.
Se eu tivesse uma chance,
Eu te diria que naquela noite triste,
Quando eu não via minha própria imagem no espelho,
Eu enxerguei uma estranha figura no meu jardim.
E ao te ver novamente,
Saberia enfim se você é real,
Ou se eu apenas sonhava.
Mas fosse você apenas mais um sonho,
Isso já bastaria para me alegrar,
Pelo simples fato de saber que ainda posso sentir isso.
E mesmo sendo um vampiro triste,
Sou ainda capaz de me apaixonar.
Romulo Wagner de Souza
(última parte da Trilogia "O Vampiro Triste" escrita em 06/2001)
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