Cai a noite, como véu de dança sobre nossas cabeças.
E enquanto o céu fica escuro, outros corpos brilham mais.
De onde será que você veio?
Há devaneios na madrugada,
Quando cercado por quatro paredes, ele jura voar além.
Perto dali nada acontece,
Senão o silêncio quase pacato da noite que avança sem direção.
E este por vezes há de ser quebrado por gemidos fortes, em pleno salto
Dos amantes que não são menos cúmplices da magia que paira nas esquinas.
Há devaneios na madrugada,
É assim que me sinto bem, e este há de ser o meu tempo, o nosso tempo.
Então logo ao te encontrar eu vejo
Que somos parte fundamental da paisagem nova que se espalha calada.
Ali, feito crianças, frente à nossa própria natureza.
Tão expostos e tão sensíveis, tão maduros,
Iluminados por bilhôes de luzes cósmicas
Que vieram de tão longe, só para ver o quanto você é linda.
Há devaneios na madrugada.
E por isso eu lhe digo, minha mulher dos astros,
Que natural seria, se todas as outras estrelas fossem flashes
A piscar e documentar a tua beleza nua.
Quanto a mim,
Eu sou filho da Terra, presenteado pelo céu,
Ao qual me atrevo erguer os olhos para apreciar a luz
Que me lembra o teu rosto.
Há devaneios na madrugada,
E isso me faz bem.
Mas sei que não vou encontrar brisa que me toque as costas
Como as tuas mãos o fazem.
Sei que não haverá aconchego, mesmo em meio às estrelas,
Que me traga mais conforto que o teu abraço.
Não haverá eclipse, ou chuva de meteoros,
Que me mereça mais atenção do observador,
Que o fenômeno único do teu sorriso.
Há devaneios na madrugada.
E já que estou aqui, sem tua presença física ao meu lado,
Eu sonho acordado com o teu cheiro em minha mente,
Pensando em você, que é mulher de luz, que agora brinca e baila no universo,
Fazendo com que todo os resto seja apenas um detalhe
Do teu próprio espetáculo.
E neste momento eu vejo que todas as outras luzes
Só existem para te insinuar em silêncio.
Romulo Wagner de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário