segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eu e Ela

Eu comecei o dia sem saber se ainda dormia,
Tão cedo ela já estava em minha casa.
E as horas seguintes correram suaves,
Despidos de nossas roupas e de nossos medos.

Tua língua dançava com a minha, enquanto
Minhas mãos descobriam cada contorno
Do teu corpo, tuas pernas, teus seios.
Tinha urgência de te ter, de estar em você.

Uma vez lançada ao ar, ao vento, para o céu,
A flecha jamais retorna ao arco, nunca volta.
E é assim que sabemos o que está feito,
Criamos nosso próprio universo, nosso espaço.

Talvez eu nem pudesse acreditar, não conseguiria,
Não fosse o cheiro dela que ficou, sem cerimônia,
No meu lençol, no travesseiro, na cama úmida.
Ou os fios do seu cabelo no meu corpo, minha roupa.

Eu me encharquei de você, do teu prazer, teu amor.
Eu vesti a tua pele, me hospedei no teu corpo.
Eu confundi minha própria respiração com a tua,
Explodimos tudo que sentimos, criamos um mundo.

E depois ela dormiu suave, com um sorriso.
E eu já não cabia no meu quarto, fiquei gigante
Com ela se confortando meiga no meu peito,
Naquele instante o tempo parou e eu descobri a plenitude.

Ela já é minha mulher tanto quanto sou seu homem,
O tempo já corre agora a nosso favor, nossa alegria.
Nossos planos são conversas de todos os dias,
E cada um deles já se faz mais próximo, tão visível.


Romulo Wagner de Souza

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sussurro

Por haver noites como esta,
Esse instante em que você repousa
Tranquila e solta no meu peito.
Seu sorriso misturado à sua voz,
Falando baixo, tão perto de mim.

Por essa alegria, esse contentamento.
Essa sensação lúdica de cócegas
Na alma, no coração, dentro de mim.
Eu amo tanto você, que não caibo em mim,
E nunca vou amar menos do que amo hoje.


Romulo Wagner de Souza

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Equilíbrio

Tento agora pintar um quadro novo,
Com mais atenção aos traços,
E consciência do que estou criando.
Deslizo minhas mãos sem pressa
Por sobre o espaço vazio do bidimensional,
Com a fé de quem começa a esboçar
Momentos mais lúcidos, mais reais,
Mais leves, mais inspirados.


Romulo Wagner de Souza

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Com Ela

Ela tem esse olhar, esse jeito assim
De ser teimosa e delicada, de ser sincera.
Tem esse encanto ou essa energia
Que faz tudo ao meu redor ficar em paz.

É uma brisa leve que me sopra o rosto,
Um sol tranquilo que me cerca a pele.
Com ela eu fico assim contente, risonho.
Ela olha pra mim, e eu já fico leve.

Ela combina com a minha casa, meu lar.
Minha casa já não é minha, não é só minha.
Com ela as minhas horas são mais alegres,
O tempo que passa corre jocoso e apressado.

Que loucura linda essa nossa, que laço!
Reinventamos nossas vidas num giro completo,
Ela já faz parte dos meus dias, já está em tudo.
Quase não me lembro como era antes disso.

Ela tem o silêncio que me deixa mudo,
O sorriso que é a minha gentil perdição,
O olhar doce, direto, profundo, negro.
Com ela eu quero ser melhor, fazer mais.

Quero amar essa moça pelos próximos anos,
Pelos verões todos até os últimos dias.
Quero escrever com ela o roteiro, o trajeto
Dos próximos tempos que virão para nós.

E nós sabemos que já vencemos!
São as últimas linhas e palavras desse capítulo.
Eu já estou com ela tanto quanto ela comigo,
Já nos rendemos a tudo que sabemos que sentimos.


Romulo Wagner de Souza

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Breve Nota - Romulo

Caros amigos,

Apenas para ficar registrado, quero dizer que postei a poesia "Eu Costumava Brincar na Chuva" (escrita em 2003), para lembrar e mim mesmo do quanto a vida se transforma, se refaz, se regenera.

Assim como qualquer outra pessoa, que tenha tido o mínimo de experiências na vida, eu também tive momentos tristes, de não acreditar no amor, na felicidade, na realização de sonhos que não dependem de dinheiro, mas de simples e sinceros afetos entre as pessoas.

O momento que eu vivo hoje nada tem a ver com aquela época de 2003. Sei que tudo isso parece muito piegas, inclusive o fato de eu estar escrevendo isso agora. Mas quem não fica um pouco piegas quando fala de amor?

Enfim, quero dizer que estou entrando no momento mais feliz dessa minha existência, o mais completo, o mais bonito.
Eu poderia dizer que isso se deve ao fato de hoje eu ser mais maduro, mais experiente, mais vivido, mas esse não é caso...
O motivo dessa minha felicidade, que está a ponto de explodir, é uma mulher! Sim, uma mulher!
Eu a conheci há mais de 15 anos, e só nos últimos 3 meses ela transformou minha vida.

Eu gostaria de contagiar a todos que eu pudesse com essa fé no amor! Dizer a todos que vale a pena acreditar, que essas grandes histórias de amor que ouvimos, ou que vemos na TV, também podem acontecer na vida real. Gostaria de dizer a todos que não se contentassem com pouco, que a vida (com amor) pode ser muito maior, muito mais bonita.

Eu fiz as pazes com a vida, com o amor, comigo mesmo!

Então turma, vamos acreditar nos nossos sonhos, nos nossos amores, acreditar naqueles amores que sempre sonhamos - eles podem acontecer!

Desejo a todos vocês essa mesma alegria que eu sinto agora!

E a você, Raquel, quero deixar aqui o meu "Muito Obrigado".
Obrigado por voltar à minha vida tanto tempo depois, e por permitir que entrasse mais uma vez na tua. Obrigado pela coragem que você está tendo para mudar toda a tua rotina para enfim estar ao meu lado, também por isso eu te admiro muito.

E acima de tudo, obrigado por ser a mulher da minha vida!

Eu amo você, Raquel!

Abraços a todos!

Romulo

Eu Costumava Brincar na Chuva

Dizem que isso não acontece,
Mas um raio caiu em mim duas vezes,
E agora, eu tenho medo da chuva.

A trégua é escassa,
A luta é difícil,
Por isso hoje, eu para só para contar
As feridas que terei de fechar.

E enquanto isso,
Vou aprendendo a viver sem esperar por ela,
Sem imaginar um rosto,
Sem saber se envelheceu.

Meu únicos amigos
São ainda invisíveis para mim,
Por isso hoje eu me distraio falando sozinho,
Com seres que eu apenas sinto.

Não sou anjo.
Fui vítima, mas sei que também fui algoz.
Eu fracassei no que me era mais sagrado.
Por isso hoje eu finjo não lembrar.

Não tenho palavras para escrever,
Nem sonhos para poetizar.
Minha ilusão eu já vivi,
Por isso hoje ela deixou de ser real.

Não sou vampiro,
Fiquei frio apenas porque doei o calor que tinha.
Não tenho ânimo para jogar, minha sede logo passa,
Por isso hoje eu já não faço truques novos.

Tenho medo de não sei o quê,
Vontade de ficar,
E pressa de sair,
De correr.

Não sou um pierrot.
Há muito perdi minha inocência,
Minha fé em você.
Por isso eu já não posso dar o que não possuo.

E enquanto nada disso passa,
Eu observo o vazio que me escraviza.
Lembro de como fui um dia,
E tudo isso me parece tão distante.

Por isso hoje, quando me recordo,
Acredito estar apenas ouvindo
À história de alguém que sorria,
E dançava... Na chuva.


Romulo Wagner de Souza
(poesia escrita em 2003)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

90 Dias

Eu não saberia falar de 90 dias,
Passaram todos tão depressa.
Mas lembro bem de 90 noites,
Foram poucas as que eu dormi.

Ela inverteu meu calendário,
Eu torci para a segunda chegar.
Falei com ela todos esses dias,
Tenho cada conversa na memória.

As noites foram bem mais longas.
O seu cheiro me seguia pela casa,
Enquanto eu escrevia sobre nós dois,
Em mais um texto, mais uma poesia.

Mas quanto cabe em 90 dias?
Quanto amor, sonho, quanto desejo?
Foi uma odisséia em 12 semanas,
E agora sorrimos um para o outro.

Nosso universo girou mais rápido,
Permitiu que tanto acontecesse,
Num intervalo breve de 3 meses,
Nós mudamos toda a nossa vida!

Mas 90 dias é pouco, é pouco!
Quero multiplicado pelas minhas vidas,
Pelos sorrisos dela que eu quero ver,
Nos tantos anos que o tempo me emprestar.

Quero enfim dizer que sou grato,
Pelo sorriso de covinhas que disparou
Quando me viu entrar na sala, naquela tarde.
Pelo toque na mão, pelo beijo roubado.

Já esperamos demais por esse momento.
A próxima valsa é a nossa, é a nossa vez.
Então somos enfim um par, dois parceiros,
E te convido a dançar comigo por mais 90 anos.


Romulo Wagner de Souza

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Parte de Mim (e Ela)

Parte de mim quer correr, quer gritar,
Quer dizer a todos que nós vencemos, que conseguimos.
A outra quer ficar em silêncio, quer esperar,
Reclamando uma prudência que eu nunca tive.

Parte de mim está em êxtase, em delírio,
Já sentindo o primeiro gosto da conquista.
A outra ainda guarda os últimos medos,
Espera uma confirmação em alguns segundos.

E quem é ela nessa hora?
Será que perdi alguma parte do texto,
Ou de fato ela se transformou numa nova ela?
Será outra criatura, ou apenas outro perfil
De um rosto tão conhecido, e agora tão novo?
Antes a hesitação, mas agora o ímpeto.
Antes a inércia, mas agora uma explosão cinética.
Finalmente você joga do meu lado!

Parte de mim ri a toa, suspira,
Já enxerga a moça no meu dia, na minha rotina.
A outra está paralisada, tremendo,
Ensaiando a ousadia de te dizer minha.

Parte de mim diz que o jogo acabou.
Quer correr logo ao seu abraço, reclamar seu prêmio.
A outra sonha ainda algum pó mágico,
Que avance o tempo, e te faça logo minha.

Mas esse tempo já correu pra você!
Não é mais aquela de semanas atrás, tão a deriva.
Parece mais aquela de tantos anos, eu já vi esse olhar!
E como se tudo já não bastasse, não encerrasse tudo,
Agora me apaixono também pela sua força, resoluta!
É o último silêncio eufórico, antes da erupção do grito,
A contração concentrada das pernas, antes do grande salto,
Somos nós dois nos preparando para enfim voarmos,
Somos nós dois ficando juntos a partir da próxima esquina.


Romulo Wagner de Souza

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Neste Momento

Não estou bem certo de onde estou.
Ainda a um passo ou dois do meu sonho,
E já tão distante e alheio ao que me dói.
E neste momento, tudo que sinto é paz.

Talvez numa fenda do tempo, numa entrelinha.
Na pausa entre duas notas da sinfonia,
Do tempo que correu mais rápido para ela,
E acalmou o compasso do meu batimento.

Penso que seja apenas um gole, um trago,
Qualquer coisa doce que eu beba dos seus lábios.
Deve ser isso que me deixa assim contente,
Embriagado de uma luz que apenas se inicia.

"Será que você consegue fazer isso todo dia?"
Foi o que ela me perguntou num sorriso.
Mas na verdade sou eu quem quer saber,
Que tipo de mágica traz o seu cheiro sempre e mim.

Quantas palavras cabem no silêncio de um segundo?
Quantos textos calados naquele olhar feliz?
O que dizem suas mãos ao passearem nas minhas?
E o seu arrepio, o seu pescoço, do que comentam?

Pudesse eu congelar aquele instante.
Transportar essa paz para amanhã, e depois, e depois.
Nada me falta, mesmo sabendo que ainda vimos tão pouco,
Pertenço àquela que já adivinho ser minha.

Um dia eu vou te contar a nossa história, guria.
Fazer você se lembrar de onde eu vim, ou viemos.
Vou falar das vozes que ouço quando estou sozinho,
E de todas as lembranças que eu tenho de você.

Vamos aumentar versos, textos e imagens,
Aos novos capítulos que ainda não escrevemos,
À página em branco que se descortina em nós,
Ao tempo de ventura que inauguramos agora.

Eu estou paz, estou comigo e com você.
Nós já somos o que somos, e o resto há de vir.
Confio na força que você traz no olhar,
Acredito em você e no que sentimos juntos.


Romulo Wagner de Souza

O Ponto

há um Ponto Pardo na Parede mórbida.
Parado, Pensando.
há um Paranoico Perdido,
Pedindo.
o Pêndulo Podre Pendura as horas em repouso,
Pedante, Patético.
há uma Porta Perto daqui,
nas Pálpebras, nas Profundezas.
Paixão - Prato do Paraíso,
Pureza - Praga Profana.
Pena que sou isso
vampiro, apaixonado.
Pena que me Perdi,
não vi o Princípio da Paisagem.
hipocrisia,
Pombos que voam Para o mar,
Para o norte,
Para a sul,
Para sempre.
Pose Perfeita,
Perplexa,
Pairando em Pleno Pico.
e o Plebeu Pulou da Ponte,
caiu num Pântano Preto,
Passeou junto ao Povo em Pânico,
respirou Profundo,
sentiu o Perfume Por entre os Pêlos das Pernas dela.
Pacífico apelo da Prática de não Poder saber Porquê.
mas não Precisa Perguntar,
pois aprendeu,
no apático e triste olhar do Palhaço,
como viver apenas Por um impulso qualquer que vem ao Peito,
que faz sentir.
e Por fim Para ter a
Palavra de Prata,
que escorrega da boca,
dispersa no ar,
Paira nos arredores,
Penetra as orelhas,
vibra os tímpanos,
Pousa no cérebro,
Pulsa sangue,
Paixão,
Puxa o gozo,
Pecado.
Perdão Por ter Prazer,
Por ter amado
estando Puramente
Apaixonado.


Romulo Wagner de Souza
(poesia concreta, escrita em 2003)