Tenho Andado Distante
Num silêncio estático,
Imóvel, sem cor,
Apagado.
Tenho andado.
Sob o sol que seca,
Terra dura onde quase nada brota,
Brisa feroz que esmaga o que germina.
Andado distante.
Em passos curtos,
Cansados de tropeços.
Sonhando qualquer coisa leve,
Que confunda por um instante
O peso que me sufoca.
Tenho.
Mesmo sem possuir, eu sei.
Bastará um olhar,
E já estarei vivendo
A beleza que cerca a tua beleza,
A alegria que antecede o teu sorriso,
O assunto de tuas palavras,
Ainda antes de te ouvir,
Antes de conhecer você.
Andado.
Na paradeiro confuso
De quem se foi sem pressa.
E tendo estado em cada canto,
Não encontrou aquilo que buscava.
O lugar onde haja o abrigo
Do inusitado dentro do esperado,
Sob um céu que só se sente.
Distante.
Entre aqui e lá.
Perto do invisível,
Logo após o eterno de tudo que já se foi.
E fosse você o tiro de liberdade!
Ainda que com o peito ferido,
Mesmo que sangrando,
Eu sorriria.
E ainda que caindo,
Eu voltaria a viver.
E por um último instante eu seria novamente
Tudo aquilo que jamais deixei de ser.
Romulo Wagner de Souza
(poesia escrita em 03/2005)
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