Deixo a plateia antes do fim do espetáculo,
Viro a página antes de ler o texto,
Acordo antes de terminar o sonho,
E tudo isso já parte de mim.
Então, quando nem o torpe apaga minhas lembranças,
Escureço ainda antes do pôr do sol.
Minha poesia não chega ao fim,
Me acostumei a ver anseios terminarem em vazio.
Não escrevo, não penso, não sinto.
E quando vejo, desisto de enxergar
Em brincadeiras que há muito não me divertem.
E sei que me tornei parte de tudo o que odiava,
Caminhando com pernas que não são minhas.
Já não corro até a linha de chegada,
Já não chego, já não fico.
E num ponto qualquer,
Entre o início e o fim das coisas que me cercam,
Ergo um castelo de fumaça,
Observando... Pelo outro lado do espelho.
Romulo Wagner de Souza
(poesia escrita em 05/2005)
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