Danço só,
Num salão de pares já formados.
Danço com minha própria sombra.
Danço só,
E quando fico mais velho,
É minha solidão que faz aniversário.
Despido de minhas máscaras,
Nesse bloco eu desfilo nu.
Danço só.
Miserável que me tornei,
Mendigo o beijo frio, embriagado.
E nada mais aparta o vazio que já é meu.
Finda a festa,
O palco ruidoso volta a ser cômodo mudo.
O figurino agora é trapo sem vida.
O caminho de volta é escuro,
Cheio de perigos mais reais.
Caminho só...
Envergo a capa elegante,
Enquanto meu corpo é invisível em suas formas.
Caminho só.
A lua,
Agora não mais que cúmplice vulgar,
Enche de vazio e luz exausta
As ruas estreitas por onde passo.
Danço só.
Caminho só.
Em passos largos,
Em giros ébrios.
Enxergando fora o que existe dentro,
Sentindo dentro, o que se ausenta fora.
E ainda assim,
A despeito de tudo que se reclama,
Isso é apenas um momento.
Romulo Wagner de Souza
(poesia escrita em 23/05/2004)
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