Sentado
No chão frio de uma sala muda.
Na fé de que um mesmo mal
Não pudesse acontecer duas vezes,
Eu caí.
A sala
Gira pesada enquanto sombras dançam.
Num silêncio denso que sufoca,
Nas vertigens tristes de um sonho vão,
Eu caí.
Senti,
Qual um presságio sombrio, turvo.
Numa ânsia que envenenava meus sentidos,
Lá se foram meu sono e minha paz,
Eu caí.
O golpe.
Subjugado pela realidade, me machuquei.
Num reflexo primitivo, me embruteci.
E a ternura deu lugar à mágoa, que se tornou rancor.
Eu caí.
A dor.
Qual torpe bizarro se espalhava em mim.
Numa onde de calor, de frio, de suor.
Em cada fibra do meu corpo inerte,
E caí.
Depois,
Como ao final do sonho que foi um dia,
A verdade confusa pairava nos fatos.
Já baixei minhas armas, meu orgulho, meus joelhos.
Eu caí.
Agora,
Sigo movido pelas coisas do dia a dia.
Eu caminhava em paz quando você me atingiu,
Fio abatido por algo que sequer vi chegar.
Eu caí.
Ao chão,
Olhando o teto estranho de uma sala muda.
Imerso na solidão a que me vi lançado.
Suspenso entre o choque e o pavor,
E caí.
Não sei,
Mas o raio que me acertou já se foi.
Sem deixar rastro, virou as costas e partiu,
Ignorando a dor que fez - praticidade.
Como se o sonho jamais o houvesse sido.
E se foi mesmo um engano, quem será você?
Mas volto a mim calado, sem eixo, sem paz.
Com pesar, reconheço meu erro, minha dor.
Deixo ao ar.
Já não há o que fazer
Porque eu sei,
Eu caí...
Romulo Wagner de Souza
(poesia escrita em 04/2005)
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