sexta-feira, 23 de julho de 2010

Numa Dança


Já era tarde, era noite, era o fim da festa.

Ou talvez já fosse dia, tudo apenas começava.

Nem me lembro como eu cheguei, de onde eu vim.

Mas por um instante tudo parou, numa dança.


Quem era você naquela hora?

A moça do outro lado da fronteira com vestido preto,

Ou aquela da terra do samba, da beira da praia?

Eram as duas e era você, numa dança.


Meus olhos já pesavam no meu rosto cansado,

Um pé na ponta do palco, outro já em casa.

Eu queria ficar, eu queria dormir.

Mas você girava e você sorria, numa dança.


Ah garota, eu não sou do seu mundo!

Só me deleito com as coisas que você faz.

Com o trançado das tuas pernas, o corte da tua roupa.

Com o brilho do teu olho, com o teu batom, numa dança.


Eu quero apenas um café contigo!

Um espaço de tempo que me confunda com o teu,

Onde caibam as músicas de outros sonhos, outros cafés.

Onde eu seja seu par, ao seu lado quase... Numa dança.


Por hora isso é tudo o que eu tenho pra você.

As palavras dos meus poemas modestos

Aspirações escondidas em miúdos, sugestões.

Queria te fazer o que você me fez, numa dança.


E você aceitou correr o risco!

Achou graça e disse que eu já era grande.

Grande pra sonhar acordado, pra enxergar no escuro.

Ou pra ficar vidrado em você, numa dança.


E agora eu me atrevo, eu te convido.

Com tuas tantas e tantas poses, teu figurino.

Convido pra uma música que não exista.

Ouso te querer mais perto, colada, qual se fosse... Numa dança.



Romulo Wagner de Souza

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