terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eu Costumava Brincar na Chuva

Dizem que isso não acontece,
Mas um raio caiu em mim duas vezes,
E agora, eu tenho medo da chuva.

A trégua é escassa,
A luta é difícil,
Por isso hoje, eu para só para contar
As feridas que terei de fechar.

E enquanto isso,
Vou aprendendo a viver sem esperar por ela,
Sem imaginar um rosto,
Sem saber se envelheceu.

Meu únicos amigos
São ainda invisíveis para mim,
Por isso hoje eu me distraio falando sozinho,
Com seres que eu apenas sinto.

Não sou anjo.
Fui vítima, mas sei que também fui algoz.
Eu fracassei no que me era mais sagrado.
Por isso hoje eu finjo não lembrar.

Não tenho palavras para escrever,
Nem sonhos para poetizar.
Minha ilusão eu já vivi,
Por isso hoje ela deixou de ser real.

Não sou vampiro,
Fiquei frio apenas porque doei o calor que tinha.
Não tenho ânimo para jogar, minha sede logo passa,
Por isso hoje eu já não faço truques novos.

Tenho medo de não sei o quê,
Vontade de ficar,
E pressa de sair,
De correr.

Não sou um pierrot.
Há muito perdi minha inocência,
Minha fé em você.
Por isso eu já não posso dar o que não possuo.

E enquanto nada disso passa,
Eu observo o vazio que me escraviza.
Lembro de como fui um dia,
E tudo isso me parece tão distante.

Por isso hoje, quando me recordo,
Acredito estar apenas ouvindo
À história de alguém que sorria,
E dançava... Na chuva.


Romulo Wagner de Souza
(poesia escrita em 2003)

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